Reflexões sobre a educação de nossas crianças.
Jonas Dias de Souza[1]
“Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua
casa” (Atos 16.31)
A salvação é
individual. Muitas vezes ouvimos isto em sermões e pregações. Mas, mesmo sendo
individual, passamos a ser sal e luz, quando aceitamos a Cristo. Quando nos
convertemos e nos dispomos a orar pela nossa família e comunidade, pela nossa
parentela, estamos iniciando a evangelização de nossa casa. Quando oramos em
família, cultuamos em família, estamos ensinando e ao mesmo tempo trabalhando
para que a mensagem de salvação seja ouvida em nossos lares.
Crer no Senhor
Jesus e ter a casa salva são processos que se iniciam na nossa individualidade.
Por isto não devemos esperar que a nossa família comece a ir para a igreja,
para irmos. Devemos incentivar com ações individuais, a nossa família. Isto é
educar pelo exemplo. Há uma interpretação equivocada da passagem de provérbios
22.6, pretendemos ensinar o caminho, quando deveríamos ensinar no caminho. Há
diferença gritante. Apontar o caminho é direcionar o filho para
a igreja,
enquanto a ocupação secular nos afasta. Pode funcionar por um tempo. Educar no
caminho significa que a caminhada é realizada em conjunto com o filho.
O mundo
preocupa-se tanto com valores éticos e morais e se esquece de Deus. Perdemos
oportunidade quando deixamos para a criança escolher quando crescer.
Paradoxalmente colocam-na para ser educada pela televisão. Terceiriza-se a
educação dos filhos, jogando nos ombros dos professores o conteúdo que deveria
ser ensinado em casa.
Educação e
instrução moral e ética não será a garantia de que o filho pródigo volte para
casa. Perdemos tempo ao não ensinar a criança sobre o amor de Deus. Ensinamos
tantas coisas, e esquecemos-nos de ensinar que “Jesus morreu na cruz por nós.” Sabemos
que uma boa instrução é terreno fértil para a atuação do Espírito Santo. Mas
aceitar a Jesus é fundamental. Temos perdido muitos jovens para o mundo, com a
suposição de que foram criados na igreja. Esquecemos que nossos adolescentes
são assolados pelas mesmas preocupações que os demais. Não teremos garantia de
que a nossa educação será seguida. Haverá casos que mesmo com o zelo dos pais,
os filhos se desviarão do caminho. Provérbios na ARC[2]
diz: Instrui o menino no caminho em que
deve andar, e, até quando envelhecer não se desviará dele. (Pv22.6) . O
texto não diz que ele nunca se desviará. Devemos reconhecer que inobstante todo
zelo e aplicação dos pais, haverá casos em que os filhos se desviarão.
Profissionalmente eu lido com Segurança Pública a mais de vinte anos, e
presenciei muitos relatos de pais que não entendiam o enveredamento dos filhos
por uma vida tortuosa. Devemos nos culpar? Jamais. Não podemos é terceirizar a
educação de nosso filho. Quando deixamos a cargo da escola secular, saberemos
que os assuntos fugirão dos conteúdos cristãos e seguirão pelas veredas nada
ortodoxas do ensinamento secular. Não há que se ter medo. O que tem que ser
feito é proporcionar ao menino a educação cristã, para que ele tenha parâmetros
comparativos. Podemos realizar a defesa da Fé com nossos filhos.
Devemos orar, sabendo que a
oração de um justo pode muito em seus efeitos. O principal objetivo da educação do menino é
que ele seja instruído no conhecimento de Deus. “E vós, pais, não provoqueis a
ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” (Efésios
6.4)
“Instruir” é a palavra usada no
Antigo Testamento para dedicar (cf 1 Rs 8.63). Esta educação é uma tarefa
religiosa, não deve ser vista como um investimento financeiro. Ensinar no
caminho, significa que a educação deve ser proporcionada em parâmetros que a
criança entenda, ou seja, a educação se adéqua à criança. No entanto vemos que
de forma equivocada as crianças estão sendo obrigadas a se adequar ao sistema.
Por isto o surgimento de pregadores mirins. Crianças que estão na mais tenra
infância pregando sobre temas exclusivos da vida adulta. A criança está sendo
desperdiçada. É como se estivéssemos apanhando frutas verdes.
A
individualidade da criança deve ser levada em conta. Aptidões individuais devem
ser analisadas e consideradas. O alvo comum da classe cristã é a salvação. Mas
uma classe não é homogênea. Alguns gostam de cantar, outros de tocar
instrumentos. No alvo comum “o caminho” pode ser determinado.
A
verdadeira instrução para a vida não negligencia a instrução secular
(alfabetização em suas nuances) e nem a instrução cristã. Devemos lembrar que
filho de crente não é crentinho. Chegará um momento em que o filho de crente,
mesmo tendo nascido na igreja, apresentado na igreja, crescido na igreja,
deverá optar por aceitar a Cristo. Crianças não são depósitos originais de Boa
Vontade. Elas devem ser educadas. Adianto uma possível má interpretação,
dizendo que não defendo agressões físicas contra a criança. Quando lemos
provérbios 22.15, vemos que “A estultícia está ligada ao coração do menino, mas
a vara da correção a afugentará dele”. A disciplina não pode ser descartada. Se
no passado ela foi exagerada, no presente ela deve ser estudada. Criança tem
que ter limite. Criança não pode ficar sendo educada pela televisão 24 horas
por dia, 365 dias por ano. Criança não é um diamante já trabalhado, ela é um
diamante bruto, e nós pais seremos os escultores que trabalhando em conjunto
com os educadores (seculares e cristãos) lapidaremos.
“Vara”
na bíblia não é e nunca foi sinônimo de castigo físico, de espancamento. Mas se
refere ao cuidado, à disciplina, à educação. Castigar não é bater, ferir ou
espancar. Castigar não é agredir com insultos psicológicos. Castigar é impor
limites. É ir junto para a escola, para a igreja, para a Escola Bíblica
Dominical. O pai que retém a disciplina, aborrece a seus filhos.
“O que retém a sua vara aborrece
a seu filho, mas o que o ama, a seu tempo, o castiga.” (Provérbios 13.24)
A citação equivocada (texto fora
de contexto) tem sido usada e foi por muito tempo para justificar atrocidades
em nome de Deus contra a infância. Provérbios
defende e encoraja o carinho familiar, e a disciplina deve ser assim neste
contexto, como a disciplina de Jesus. Como podemos orar pelo amor de Jesus e
não demonstrá-lo aos nossos familiares?
[1]
Servo de Deus. Congrega na Assembleia de Deus Ministério São João del-Rei.
Filósofo de formação e Pós graduando em Ciências da Religião.
[2]
Almeida Revista e Corrigida
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente com Responsabilidade. Lembre-se da máxima, o nosso direito termina onde começa o direito do outro. Além de tudo, mesmo que divergentes em opiniões, somos Cristãos.